Há 54 dias

⚠️ Pix do IGT-Grêmio: 12.985.967/0001-59 (CNPJ)

Brasileirão 1971 0x3 Grêmio

Foto: Zero Hora   Eu já havia feito, em 2011, um post sobre este jogo. Mas desde então consegui mais material, como as matérias da Zero Hora e do Correio do Povo, de modo que acho que vale a pena revisitar a partida na qual foi marcado o primeiro gol da história do Brasileirão. É interessante notar a altura do gramado do Morumbi, totalmente fora dos padrões de hoje em dia. Fora dos padrões de hoje em dia também é ter três atletas que disputaram a Copa do Mundo do ano anterior (Everaldo, Gerson e Pedro Rocha) em um partida de Campeonato Brasileiro. E, pro meu gosto, a estratégia usada por Oto Glória, de chamar o adversário para o seu campo e sair em contra-ataques rápidos segue sendo muito válida.   Foto: Zero Hora   “OTO ENTREGOU O CAMPO MAS FICOU COM OS GOLS A mesma armadilha que Oto Glória impôs a Dino Sani, derrotou Osvaldo Brandão. No confronto tático, o Grêmio foi superior ao São Paulo e conseguiu a vitória importante de sábado. Importante por ter derrubado o tabu de 68 anos, cuja escrita tinha até aqui impedido ao Grêmio qualquer vitória em gramados de São Paulo. O Morumbi estava pesado, encharcado e nevoento. Pena que pouca gente tenha ido o estádio. O Grêmio de sábado merecia uma grande platéia, O jogo foi definido de início e Oto Glória — que voltou a falar — explicou a vitória melhor do que ninguém: — Jogamos toda a partida da mesma forma com que tínhamos jogado o segundo tempo do Grenal, por isso ganhamos, deixando que o São Paulo atacasse e exercesse um falso domínio territorial. Nas respostas rápidas pelos flancos, os gols, pelos gols, a vitória. A saída de bola foi com Caio e Scotta, logo Gérson tomou conta do lance e o São Paulo desceu. O favoritismo era dos paulistas, os primeiros instantes pareciam confirmar. Jadir fazia como nunca seu trabalho de “varredura”. Torino esticava longos passes e o Grêmio, com calma, ganhava terreno. Ari Ercílio — o capitão — pedia calma da zaga. Em cinco minutos acontecia o primeiro escanteio em favor dos sampaulinos. Parecia mesmo que o tabu não cairia. Aos sete minutos, a primeira bola de Loivo contra os paulistas. Chute forte, boa defesa de Sérgio. Então. o Grêmio cresceu. O bom toque de bola de Gerson era insuficiente para interromper as jogadas gaúchas. No meio de campo, repetiam-se as faltas cometidas por Paulo e Pedro Rocha. Era o jeito de parar Torino e Caio, que buscavam e armavam o jogo para Scotta, Flecha e Loivo. Onze minutos, Gérson abre para Terto, a bola espirra pare Torino, o passe é longo, de um campo a outro. Na intermediária, Scotta corre, Edson acompanha, Falha, erra o passe, troca o pé e o argentino escapa. Quando Jurandir vem para a cobertura Scotta, do meio da rua, levanta um “gancho” de pé canhoto. Sérgio sai do gol, a bola vai ângulo esquerdo. Um a zero para o Grêmio. Com a contagem a favor, armou se decisivamente o time de Oto Gláia, na mesma base do Grenal. Deixando-se envolver para nos contra ataques, nas fugas dos ponteiros, buscar os novos gols. Brandão tentou mudar as coisas, Édson começou fugir da zaga e apoiou mais do perto a Gérson. A verdade é que o time do São Paulo não se entendia, ninguém “conversava”, era cada um por si, Gérson por todos. Enquanto isso, os gaúchos tranquilos. O Morumbi transformava-se nu Olímpico, a torcida paulista, irritada, aplaudia Everaldo, que empurrou o Grêmio e foi lá em cima conferir dois ou três lances chutando contra Sérgio. No intervalo, Gérson que só o toque de bola não ia resolver, que era preciso correr, dar paulada se preciso, que o São Paulo tinha que mudar. Não mudou as coisas continuaram iguais. Se com a entrada de Forlan, Loivo ficou amordaçado, Flecha mostrou durante todo o segundo tempo que é realmente a jogada mais perigosa, o trunfo maior de Oto Glória. O Grêmio ainda tinha mais para mostrar e, justamente, quando os bandeirantes menos esperavam. A partir da entrada de Chamaco (Caio saiu). Gérson desesperou-se. Jogando bruto, tentou impedir as brilhaturas do argentino. O castelhano estava no dia dêle. Resultado, levava pontapé, levantava a cabeça e saía jogando. O Grê mio então armou o bote. Retraiu-se, o São Paulo pensou ter aberto o caminho do empate. Então o Grêmio arrasou o jogo e acabou logo com a festa. Abafa daqui, perturba de lá e Jair fazendo suas “pontes” na capital dos viadutos. Na volta da bola. sempre um lance perigoso para Jurandir Edson e o goleiro Sérgio. Trinta e seis minutos, um escanteio contra o Grêmio, corte da defesa, bola rápida para Torino, daí a Flecha. O ponteiro corre pela direita, acena para Scotta. O argentino infiltra-se na zaga adversária. Edson e Jurandir ao lado dêle, gol do Grêmio. Dois a zero. Na mesma dança, aos 40 minutos, com Loivo bloqueando o meio de campo, a ponta esquerda é de Scotta. Quem vinha pelo meio era Flecha, bola para ele, gol de novo, 3 a zero. Terminou o jogo. Beto— premiado pelos paulistas com um troféu por ser o melhor da partida — saiu aos 45. Entrou Chiquinho, nem tocou na bola E na equipe do São Paulo ainda entrou um Everaldo, atacante Com aquêle futebol não pode usar a nome que usa. Só isso. Arnaldo César Coelho, Milton Jorge e Carlos Afonso Lopes responderam bem pela arbitragem” (Zero Hora, segunda-feira, 9 de agosto de 1971) – Foto: Correio do Povo   “GRÊMIO ESPETACULAR: FÊZ 3 X 0 NO SÃO PAULO […] Scotta fêz 1 x 0 aos 10 minutos. Recebeu de caio o lançamento, correu com Edson, deu o “corte” no zagueiro e de pé esquerdo acertou o ângulo de Sérgio […]” (Correio do Povo, domingo, 8 de agosto de 1971) – Foto: Zero Hora Jornal dos Sports, domingo, 8 de agosto de 1971   “OS GOLS Grêmio 1 a 0 – Jadir lançou Scota em profundidade, numa jogada de contra-ataque. O atacante driblou Edson na corrida e chutou forte, de perna esquerda, sem defesa para o goleiro Sérgio. Aos 10 minutos. Grêmio 2 a 0 – Chamaco recebeu de Ari Hercilio no meio-campo do Grêmio e tocou para Flecha, na ponta direita. Flecha lançou forte para Scota que penetrou e, ante a saída de Sérgio, fêz 2 a 0. Aos 36 minutos do segundo tempo. Grêmio 3 a 0 – Em outra jogada de contra-ataque, Scota recebeu na intermediária do São Paulo, penetrou livre e chutou. Sérgio defendeu parcialmente e, na rebatida, Flecha entrou com oportunismo e fêz 3 a 0. Aos 40 minutos do segundo tempo.” (Jornal dos Sports, domingo, 8 de agosto de 1971)   Foto: Zero Hora “O SÃO PAULO COMEÇA PERDENDO; GREMIO, 3 A 0 […] O Grêmio, ao contrário, mostrava um futebol perigoso, baseado num sistema tático que não vivia apenas da rígida retranca defensiva. Quando o Grêmio recuperava a bola, seus homens de meio de campo faziam rápidos lançamentos para Flecha e Scotta, nas costas dos zagueiros sãopaulinos, em jogadas que sempre deixavam em pânico a defesa adversária. Foi com essas jogadas que chegou aos três gols. O primeiro foi logo aos 10 minutos de jogo. Torino fez um lançamento em profundidade, num contra-ataque inesperado; Edson tentou segurar Scotta, mas não conseguiu. O centro-avante argentino (mais rápido, avançou até a entrada da área e chutou forte, no canto, sem chance de defesa para Sérgio, que no fim, apesar dos três gols) acabou sendo o melhor jogador do São Paulo […].” (Folha de São Paulo, domingo, 8 de agosto de 1971) – Foto: Zero Hora – “GRÊMIO VENCE S.PAULO POR 3 A 0 SEM ESFÔRCO […] O Grêmio estreou no Campeonato Nacional vencendo o São Paulo por 3 a 0, ontem à tarde no Morumbi com dois gols de Scotta e um de Flexa, numa partida em que teve sempre amplo domínio, aproveitando-se do avanço excessivo do adversário e da velocidade de seus pontas Desde o início da partida, o time do Grêmio recuava propositalmente, dando ao São Paulo uma falsa impressão de domínio, para contra-atacar rapidamente pelas pontas. Desta forma, Scotta marcou dois gols em jogadas de Flexa – aos 15 minutos do primeiro tempo e aos 36 do segundo – e o próprio Flexa, sempre recebendo bolas longas, aumentou o placar aos 40 minutos do segundo tempo […] ” (Jornal do Brasil, domingo, 8 de agosto de 1971) Foto: Zero Hora     “O S. PAULO FÊZ O PAPELÃO QUE SE PREVIA O São Paulo perdeu êste jogo antes mesmo de entrar em campo. Com Toninho, Carlos Alberto, Lima e Adairton sem condição, o técnico Brandão precisava improvisar. E improvisou errado. Tirou Edson do meio-campo, colocou na quarta-zaga. Tirou Paulo da ponta direita, colocou-o no meio campo. Na ponta deixou Terto, no meio do ataque pôs Téia. E o São Paulo ficou sem ataque. sem meio-campo e sem defesa. Edson, nota 4 (fraco). acha que jogou bem. E explicou: — Claro que joguei bem. Eu não sou quarto zagueiro. Além disso tudo, Brandão deixou Forlan na reserva e colocou na lateral direita um jogador lá da esquerda: Tenente. Isso porque Forlan estava punido pela diretoria, por voltar quatro dias depois do prazo. Mas, no segundo tempo. foi preciso mandar Forlan jogar. Gérson nada fêz. A seu lado não estava Clodoaldo, para atacar e defender. Pedro Rocha não sabia se atacava ou apoiava, acabou não fazendo nem uma coisa nem outra. Pobre São Paulo, ficou provado que é um frágil bicampeão, sem reservas, sem raça, sem esquema e até mesmo sem torcida. Quem sabe agora seus diretores resolvam gastar o dinheiro que dizem ter, contratando finalmente os grandes jogadores que prometem há tantos anos. O Grêmio tem raça, esquema de jogo, jogadores valentes. Seu jogo é chato, tem oito na defesa, mas funciona. E quem pode chamar o Grêmio de um time defensivo? Nos seus dois últimos jogos marcou 6 gols, sofreu 1. Uma defesa firme, que não perde uma bola por cima (e o São Paulo só soube fazer isso de levantar a bola) e joga duro. firme, com a bola no chão. Um meio-campo seguro, com Jadir fazendo tudo e mais alguma coisa. No ataque, quase sempre ficam dois jogadores. Flecha, um ponta rápido, brigão. Scotta, um chato que não deixa de correr atrás da bola um segundo. e chuta bem no gol. de qualquer lugar. O Grêmio foi muito superior ao São Paulo. Só mesmo como piada falar que êle venceu porque é o time do presidente e o São Paulo o do governador.” (Narciso James, Placar, edição n.º 74, 13 de agosto de 1971) Foto: Placar – Foto: Zero Hora.

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